Expedição ao Rio Amazonas - AM/PA, Brasil (setembro, outubro e novembro/2008).

• Texto: Antonio Carlos Osse, Companhia de Canoagem 2008
• Fotos: Dave Freeman, Amy Voytilla, Jay Bancroft e Antonio Carlos Osse, Companhia de Canoagem 2008

A equipe no primeiro dia de remada: Dave Freeman, Jay Bancroft, Antonio Carlos Osse, Eric Frost, Anne DeCock e Amy Voytilla. Ao fundo, o Rio Negro em Manaus, AM.

O que nos espera: Rio Amazonas, de Manaus a Belém! Serão 1800km em 55 dias. Estimativa de realizarmos pelo menos 1.100.000 remadas até o final!!!!

A inexistência de estradas é facilmente compensada pelo uso de barcos para tudo! Do transporte de turistas, "ônibus" escolar e materiais básicos até os grandes petroleiros e balsas que transportam riquezas rio acima e rio abaixo! Dia e noite....

Um de nossos principais objetivos é conhecer e apresentar um pouco da fauna e flora locais. Embora não muito visíveis (tanto pela baixa densidade como por suas elaboradas técnicas de disfarce), nos igarapés e canais laterais (paranás) avistamos alguns belos exemplares. Seguem as fotos.....

OBS: Avistar a fauna é um exercício de paciência e atenção. A caça continua sendo uma prática comum entre os habitantes ribeirinhos e, a invasão das fazendas de gado e búfalos, promovem a fuga e desaparecimento de espécies mais selvagens, criando uma paisagem monótona e empobrecida.

A expedição segue bastante afinada. Remamos de 8 a 11 horas por dia, tanto sob intenso sol como sob ventos e chuvas. Nesta época de seca (outubro a dezembro) o vento frontal constante é uma árdua prova aos nossos corpos e mentes. Em alguns momentos, as ondas formadas exigiam uma parada por 2 ou 3 horas na margem.

Ao sinal de tempestades, a única opção é parar. Aqui esperamos os ventos e ondas diminuirem para cruzarmos a boca do rio Tapajós, rumo a Santarém (ao fundo).

Nossa pior experiência foi uma fortíssima tempestade no meio da noite, quando ficamos mais de 40 minutos sob chuva e ventos de até 100km/hora segurando as barracas (do lado de fora!!!) para que não voassem. Uma das barracas sofreu várias quebras na estrutura de sustentação.

Locais com muita lama eram sempre um grande desafio à paciência e limpeza geral do grupo. Por sorte encontramos praias de areia ou locais melhores em 95% dos acampamentos!

Muitas vezes acampamos em comunidades ao longo do rio e seus canais. De modo geral, escolas e centros comunitários (pertencentes às diversas igrejas da região) sempre nos receberam muito bem. Um chão firme e limpo sempre trazia um novo ânimo à equipe.

Uma casa em construção nos abrigou durante os 4 últimos dias de viagem, enquanto aguardávamos o transporte final a Belém. A variação local de maré (1,5m) mudava completamente a paisagem local a cada 6 horas.

Em algumas cidades nos demos ao luxo de dormir uma ou duas noites em hotéis.... Mas este conforto tinha seus custos, como ter que levar todo o equipamento do rio para o local! Uma verdadeira portagem-urbana! Imagine se o "grupo de gringos estranhos" não se transformava na maior curiosidade da cidade!!!! :)

MAS, a parte mais importante desta viagem foi o contato íntimo que tivemos com a população local!

Por muitas e muitas vezes senti um enorme orgulho e satisfação ao ver o nosso povo, humilde, mas com um coração sem limites, fazer de tudo para nos receber bem.... Por mais "estranho" que nosso grupo pudesse parecer, bastavam 1 ou 2 minutos de conversa e logo nos ofereciam um local para pernoitar, um café, frutas, um reforço no jantar com peixes, um passeio para ver as belezas da região! A todas estas pessoas dedicamos as fotos abaixo.....

Espero muito poder cumprir minha promessa de visitá-los novamente!

Após 45 dias de remada (60 dias no total), e um pequeno atraso no cronograma, resolvemos pegar um barco para o trecho final entre Curralinho e Belém, evitando as grandes baías. Embarcamos em uma balsa superlotada, dessas que sempre vemos notícias trágicas nos jornais. Pela primeira vez vesti meu colete salva-vidas com a expectativa de realmente ter que usá-lo....

A proximidade do fim traz sentimentos diversos; a mistura de saudade da família e a despedida dos novos amigos é muito estranha. Chegamos a Belém pela manhã, mas ainda remamos mais algumas horas até nosso hotél (escolhido exatamente por ficar na margem!). A última foto.....

Companhia de Canoagem, 2008

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